segunda-feira, 5 de julho de 2010

Não estou apaixonado por alguém.
Já há um bom tempo não me sentia assim

E nestas últimas noites,
nenhum nome
invade minha mente
repetido
como mantra

Ela, ela, ela, ela...

E não tenho mais
a lembrança daquele breve instante
(teu Olhar)
fotografado pelas minhas retinas e
relembrado de modo incessante

(Naquelas noites
ele iluminava o sorriso
da boca que eu tanto desejava)

Agora.
De olhos fechados
à espera do sono
há apenas o Silêncio
(e o silêncio é tão negro quanto a noite...

Não ouço mais sua voz
em palavras lembradas
ou por mim mesmo inventadas
em estranhas situações,
de quase sonho,
onde,
mergulhando no sono,
ouvia
a onírica você dizer para mim
outros tantos sonhos...

E esse era o meu mundo, o de sonhos.
Mas Ela deixou de visita-lo.
E assim, de repente
não há enredo algum a ser encenado
no palco noturno.
Nem as reprises do contidiano
que um dia dividi com ELA
Nem tramas inéditas
escritas pelo ousado roteirista
(O Inconsciênte)

Agora em cartaz "o VAZIOinfinito"

Mas,
de quando em quando,
seu nome ainda escapa pela minha boca
e abre no meu peito
a caixa das lembranças,
tão significativas e calorosas!
E elas brilham nos meus olhos
o seu conteúdo de arca do tesouro.

Mas aquele encanto passou...

E meus dias começam
sem o desejo de encontrá-la
(e só encontrá-la)
o quanto antes.

E as horas seguem seu caminho circular
sem eu me preocupar com os cômicos ensaios
a respeito "do-que-dizer"
quando eu finalmente a encontrasse.

E todo o tempo que passava distante
(olhos no horizonte)
em devaneios, imaginando sei lá o quê
agora é preenchido com coisas inúteis
de tão pragmaticas.

Sabe,
a conjunção céu/chão do horizonte só é bela
quando os olhos enxergam além dela
qualquer coisa que aquece a alma
e canta:
-A VIDA ainda está VIVA!

Sem esta chama há apenas o céu cinzento
das ilusões esvaecidas...

E
apesar das ilusões brotarem da terra do peito
em dores lacerantes que não deixam dormir
e causam durante o dia alucinações que turvam
a visão para cotidiano que nos circunda
fazendo com que nada mais importe
além da ferida latejando no peito,
quando ela enfim fecha e percebe-se apenas a cicatriz
é possivel olhar ao redor e perceber que o dia está claro:

carros barulham
pessoas pessoas
Sem o véu sanguinolento
que escorre da ferida deixada pela flecha
tudo fica muito claro.
e
tudo muito sem graça!

Águas calmas e céu de brigadeiro
são bonita composição na pintura
mas não levam ninguém a parte alguma
Por isto sinto falta das tormentas...
Porque
sem paixão, não há sonhos
e sem eles não abro as portas do impossível

E a insensiblidade do meu peito cicatrizado
cega a visão do meu mundo
(e é essa visão que põe cores no que vejo à minha volta!)

E nestes dias iguais
perdi a gana por desbravar.
Tanto que agora me surpreendo
repisando trilhas sem grama
de terra dura e morta...

As dores das ilusões eram um tipo de vida,
(o dos sonhos)
O único eu conhecia na ausência da outra vida
(a verdadeira)
que desejava, mas não alcançava.

E o que me resta?

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