quinta-feira, 7 de julho de 2011

Meu destino?

“...é horrível pensar que um dia o mundo será ocupado somente por estas pequenas peças, por pequenos homens que se agarram a pequenos empregos e procuram obter outros maiores – uma situação que... tem um papel crescente no espírito de nosso sistema administrativo presente...

Esta paixão pela burocracia é suficiente para pôr-nos em desespero...

A grande questão não é saber como promover e estimular esta evolução, mas como se opor a esta máquina para manter uma parte da humanidade livre desse desmembramento da alma, desta suprema dominação do modo burocrático de vida.”

(Max Weber)

terça-feira, 28 de junho de 2011

Os olhos dela… Sim eu setia desejo, mas ele estava sufocado por aquele Silêncio ensurdecedor.. que ecoava, ecova.

Eu observava sua boca…
Mas da minha…
Saia apenas curtas palavras lacônicas
enquanto toda aquela ansiedade
por não saber o que fazer
odenava que meus olhos fugissem
para além daquela massa de gente amorfa que nos rodeava

“Você já sentiu pânico?”
Me perguntava tomado por incertezas diversas sobre o que dizer o que fazer,
empacado graças a uma mistura contraditória de Medo e Desejo
 “Você já foi alvo de uma descarga violenta de Medo que te deixou sem ação a espera da morte certa?”
Continuava a me perguntar num lugar qualquer
que não era aquele onde eu estava
sentado ao lado dela
enquanto eramos engolidos por aquele Maldito Silêncio.

Em seus olhos observava morrer aquele instante no qual EU
deveria ter dito as palavras certas…
Talvez as palavras certas fossem quaisquer palavras,
talvez sequer palavras e sim alguma aitude que não me permiti tomar,
mas qualquer tentativa de matar aquele triste SILÊNCIO
que nos arrastava para a insônia das noites de expectativas não realizadas…

“O que fazer?”
Continuava a me perguntar
naquela realidade paralela cheia de vozes que me isolam de tudo que é vivo.
E enquanto Ela em silêncio ao meu lado tornava-se uma imagem distante,
uma dessas vozes sentenciava num mantra que
“tudo já estava perdido antes mesmo de poder acontecer”

Não consigo esquecer que vi
Naquele olhar…
a alegria no encontro
e a expectativa suscitada
num momento qualquer.

Mas com pesar, também lembro que
Aquele olhar…
mostrou a tristeza da expectativa quebrada
pelo silêncio desconcertante,
pela atitude nunca tomada.

E outra vez sucumbi ao Medo,
deixando o Silêncio nos consumir noite a dentro
em olhares pesarosos que se evitavam.

E o dia seguinte…
é difícil ir embora
ainda mais quando vejo o sol avançar porta adentro
 na velocidade das horas que correm
(acompanho impassivel. Sei que ele não me alcançará. O ciclo logo fechará)
 e vejo a luz morrer a poucos centímetros da minha mão
(Temos um acordo. O sol e eu) nunca a estendo além destes poucos centímetros
Nem ele altera seu ciclo para a alcançar.

ante a esta porta aberta (que, aliás, sequer é porta, mas portal sem nada para o obstruir)
prefiro continuar a regar as flores mortas
(em verdade apenas promessas de flores que morreram antes o serem)
Por que elas não me surpreenderão
(neste equilibrio natural que alcançaram)
com vozes ou atitudes inesperadas
que ponham a baixo minha des-esperânça tão cuidadosamente construida.
(Ah! a ordem é tão confortável)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Diante do espelho

Você não serve!
E além disto, todo este gelo de que você é feito o impede de
sequer conceber como se sentem as pessoas que se tocam afetuosamente
Esse gelo todo impede que palavras afetuosas saiam da tua boca.
Porque elas dependem do calor da vida para nascerem e
da tua boca sai apenas um sopro gelado
que molda palavras duras e estéreis
que nada dizem,
apenas informam.
Você não serve por que teu silêncio mostra
que no lugar de uma alma
teu corpo guarda um buraco negro
que suga as palavras e os sentimentos dos outros
deixando-os sem saber o que fazer
diante destes teus olhos vazios e clínicos
aptos para entender
mas incapazes de sentir.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Teu nome

Teu nome
escapou pela minha boca,
alcançou meus ouvidos.
lembrei dos teus olhos
do teu olhar...


E você sabe o olhar que tem

Teu nome
costuma escapar
da minha boca
assim,
sem mais nem menos
no ônibus,
observando a paisagem,
enquanto leio um livro,
caminhando por aí.


no meu ouvido

o som do teu nome vira eco
o eco da tua voz na minha cabeça

tantas palavras...

me confundo

não consigo pescar uma delas

Deixo escapar mais uma vez o teu nome
agora,
de propósito,
enquanto caminho pela cidade...

Antigas casas fechadas.

Lembrava do teu rosto
Tantas imagens...

às vezes você é tantas!

tua voz na minha cabeça


palavra amiga


conforto de ouvi-la
quando era tomado por aquele vazio, vazio
minha companhia do dia-a-dia

mais uma vez teus olhos

teu olhar

flash de vários momentos
tantos,
das tantas horas juntos
que infelizmente até se perdem


Tuas mãos, agora.

a lembrança delas

agitadas quando conversamos
tocando as minhas
às vezes. 

Enquanto caminho
tua voz
teu olhar
a lembrança do teu toque
bem viva na minha pele!
os abraços que me lembravam:
-vivo!
A tua
boca
lembro agora, observando meus pés enquanto caminho,

flor proibida.  

Na rua, meus pés avançam pelas pedras
Na minha alma,
momentos, palavras engraçadas,
teus olhos acolhedores
me observando.
ecos da tua voz
sentidos no meu peito!

Melodia triste.
Um piano embala estas lembranças suas
Enquanto caminhava
desejava encontrar você
como fazia
todos os dias
até outro dia

Mas te encontrar Hoje
Mas, vê-la
Hoje...




...é me ver sob a sombra


Mas (ainda) caminho até você
guiado pelo eco da tua voz
atraído pelo teu olhar
esperando tocá-la
o calor do abraço
o perfume
a sensação boa do encontro

As palavras ensaiadas, mas esquecidas.
Como naquela música.
Fica apenas
“A tua presença”

Mas indo na sua direção
meus passos hesitam por que, apesar de tudo que dissemos e escrevi ficou ainda uma ilusão:
que de alguma maneira
você era “minha”, e
que de alguma maneira
eu poderia procurá-la
sempre, já
que de alguma maneira,
pensava,

você estaria sempre acolhedora pra mim... 
Mas,
quando chego até você
há a sombra sobre mim
e
esta sombra
me ajuda
faz perceber
desfaz (esta ilusão)
qualquer coisa assim que me lembra a mudança e me faz acordar, mas resisto em acordar... o sonho é tão bom... é tão quente...





"Sinto que nossa proximidade mudará.
- escrevi -
Temo que aos poucos percamos a intimidade
que construímos, afinal ela tem que se dedicar a ele.
Temo que sem ela me sentirei muito só...”


Indo ao teu encontro
que é meu desejo
Meus pés por vezes hesitam, Hesito, hesito...

“Não posso mais procurá-la assim...”
penso,
as coisas mudaram
“Mas preciso vê-la!”

desejo VÊ-LA! 

E

Mais uma vez
teu nome escapa pela minha boca
Outra vez
teu olhar
tua voz

Aperto no peito
e uma chuva de imagens tuas
fica entre meus olhos e o horizonte

E o desejo de te encontrar predomina mais uma vez.

Lembrete

Preciso amadurecer.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Não estou apaixonado por alguém.
Já há um bom tempo não me sentia assim

E nestas últimas noites,
nenhum nome
invade minha mente
repetido
como mantra

Ela, ela, ela, ela...

E não tenho mais
a lembrança daquele breve instante
(teu Olhar)
fotografado pelas minhas retinas e
relembrado de modo incessante

(Naquelas noites
ele iluminava o sorriso
da boca que eu tanto desejava)

Agora.
De olhos fechados
à espera do sono
há apenas o Silêncio
(e o silêncio é tão negro quanto a noite...

Não ouço mais sua voz
em palavras lembradas
ou por mim mesmo inventadas
em estranhas situações,
de quase sonho,
onde,
mergulhando no sono,
ouvia
a onírica você dizer para mim
outros tantos sonhos...

E esse era o meu mundo, o de sonhos.
Mas Ela deixou de visita-lo.
E assim, de repente
não há enredo algum a ser encenado
no palco noturno.
Nem as reprises do contidiano
que um dia dividi com ELA
Nem tramas inéditas
escritas pelo ousado roteirista
(O Inconsciênte)

Agora em cartaz "o VAZIOinfinito"

Mas,
de quando em quando,
seu nome ainda escapa pela minha boca
e abre no meu peito
a caixa das lembranças,
tão significativas e calorosas!
E elas brilham nos meus olhos
o seu conteúdo de arca do tesouro.

Mas aquele encanto passou...

E meus dias começam
sem o desejo de encontrá-la
(e só encontrá-la)
o quanto antes.

E as horas seguem seu caminho circular
sem eu me preocupar com os cômicos ensaios
a respeito "do-que-dizer"
quando eu finalmente a encontrasse.

E todo o tempo que passava distante
(olhos no horizonte)
em devaneios, imaginando sei lá o quê
agora é preenchido com coisas inúteis
de tão pragmaticas.

Sabe,
a conjunção céu/chão do horizonte só é bela
quando os olhos enxergam além dela
qualquer coisa que aquece a alma
e canta:
-A VIDA ainda está VIVA!

Sem esta chama há apenas o céu cinzento
das ilusões esvaecidas...

E
apesar das ilusões brotarem da terra do peito
em dores lacerantes que não deixam dormir
e causam durante o dia alucinações que turvam
a visão para cotidiano que nos circunda
fazendo com que nada mais importe
além da ferida latejando no peito,
quando ela enfim fecha e percebe-se apenas a cicatriz
é possivel olhar ao redor e perceber que o dia está claro:

carros barulham
pessoas pessoas
Sem o véu sanguinolento
que escorre da ferida deixada pela flecha
tudo fica muito claro.
e
tudo muito sem graça!

Águas calmas e céu de brigadeiro
são bonita composição na pintura
mas não levam ninguém a parte alguma
Por isto sinto falta das tormentas...
Porque
sem paixão, não há sonhos
e sem eles não abro as portas do impossível

E a insensiblidade do meu peito cicatrizado
cega a visão do meu mundo
(e é essa visão que põe cores no que vejo à minha volta!)

E nestes dias iguais
perdi a gana por desbravar.
Tanto que agora me surpreendo
repisando trilhas sem grama
de terra dura e morta...

As dores das ilusões eram um tipo de vida,
(o dos sonhos)
O único eu conhecia na ausência da outra vida
(a verdadeira)
que desejava, mas não alcançava.

E o que me resta?